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A catequese que não quero

 - “Senhor padre ele é que sabe. Se não quer ir à catequese não vai.”

Por reação natural ou já socialmente formatada tendo a entender esta declaração de intenções dos filhos e a minimalista auto-justificação dos pais. Fica-me bem embarcar na moda da tolerância que justifica este culto pelo ego e pelo apetite momentâneo.

A nossa catequese clássica precisa de renovação bem o sabemos. Habituámo-nos a dizer isso mas a fazer pouco por isso. A catequese há-de formar discípulos de Jesus e não apenas “encartados” pelos sacramentos com direitos na Igreja.

A nossa catequese há-de ajudar-nos a crescer no respeito por todos mas também a saber distinguir o digno do indigno. O moralmente correto e aquilo que como “conto de fadas” é tóxico a médio ou longo prazo. A catequese há-de dar-nos ferramentas para, em todas as circunstâncias, fazermos um justo, digno e sereno julgamento.

Admira-me bastante como hoje facilmente se recusa a catequese que a Igreja propõe e se embarcam em “outras catequeses”.  Ainda recentemente se colocava a possibilidade de impedir os catequistas católicos de exercerem papeis ativos na política… mas aos “outros catequistas teóricos sociais e donos da moral” damos todo o tempo de antena e portas (pela internet, televisão, rádios e jornais) sempre escancaradas.

Ninguém se deveria sentir obrigado a frequentar a catequese. Ninguém se deveria sentir constrangido a conhecer mais sobre Jesus e sobre as propostas que Ele nos faz e pede. No entanto haveremos de estar atentos à catequese moderna que, queiramos ou não, todos vamos frequentando. Catequese que nos impõem os novos gurus e teóricos de auto-ajuda ou de interesse politico que secam ou canalizam a reflexão.

Vamos frequentando diariamente, queiramos ou não, catequeses parciais e enviezadas… Até serão boas catequeses quando enquadradas em valores maiores que a catequese católica procura apresentar.

Por exemplo a catequese moderna do desporto, da música ou das artes. É importante esta catequese. Deixa-se tudo para que a criança e adolescente faça desporto, pratique uma arte. Goste ou não goste. Tanto faz que integre um grupo bom ou apenas um grupo que cultiva a competição desenfreada e doentia. O desporto é catequese. A arte é cultura. Promove valores. Mas nem sempre todos os valores. Os bons valores.

A catequese moderna do respeito pelo planeta e pelos animais. Fantástica catequese. O próprio Papa insiste no cuidado que a “Casa Comum” e todas as criaturas devem merecer de todos. Mas não bastam boas intenções. É preciso colocar ao serviço dos outros os dons e talentos que temos e não apenas uma fantasia narrativa de endeusamento do mundo fisico e natural.

A catequese da tolerância moderna onde vale tudo enquanto satisfaça o ego independentemente do exemplo ético que transmite às novas gerações e à comunidade.

A catequese moderna do “eu é que sei”. “Só eu é que mando”. A catequese de quem vive para teorizar nas redes sociais e grupos de conspiração mas nunca faz. A catequese de quem muito berra mas pouco motiva. A catequese de quem “coloca pesados fardos aos ombros dos outros mas nem com um dedo lhes toca”. 

Esta moderna catequese que impede um adolescente de comer um bolo no bar da escola mas lhe permite processar os pais se o impedirem de realizar uma tatuagem ofensiva.

Viva a liberdade… mas atenção que a verdadeira liberdade que não é apenas trocar de catequese. 

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