" Há dois vírus que a Igreja carrega ao longo do tempo, que serviram para aguentar, mas que, tão feliz quando dramaticamente, se estão a tornar insuportáveis: o medo e o controlo. Tenho simpatia pelo verbo aguentar. A vida, a nossa vida e a vida de cada um de nós, é feita, não só mas também, de muitos “aguentamentos”. Aguentar é permanecer, é ficar quando o vento sopra. É tolerar a tempestade e, por ligação à rocha, manter-se em pé. Jesus de Nazaré, aguentou, e aguentou até à cruz. MAS (trata-se de um grande mas…) estamos sujeitos a abusar deste verbo. Quando olho a Igreja que somos, neste tempo e neste espaço, pergunto-me se não estamos excessivamente focados (ou tapados?) no verbo aguentar. Este aguentar (para não perder, para não mexer, para deixar estar… a ver se aguenta…), pode implicar derrocadas, entre hoje e, sobretudo, amanhã. Perdas não só de abrigo, como de fundação. Existe uma expressão popular que aqui e ali assenta como uma luva nas atitudes que tendemos a ter face